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Tire partido da sua câmara digital dSLR. Parte II: o modo manual


Cupcakes com cereja cristalizada

Fotografar é "pintar com a luz” e é no no modo manual que podemos controlar esse processo, através de parâmetros que definem a forma como a luz entra e é tratada pela câmara fotográfica. Vamos falar sucintamente de cada um destes parâmetros.

À medida que lê vá fazendo experiências com a sua câmara! Pode também experimentar o simulador online CameraSim, que é muito fácil de usar.

visor digital de uma câmara Canon EOS 100D, com indicação dos principais parâmetros a configurar no modo manual

Na imagem pode ver-se o visor digital de uma câmara Canon EOS 100D, com indicação dos principais parâmetros a configurar no modo manual.

1) ISO

O parâmetro ISO controla a sensibilidade à luz da fotografia. Quando a luz ambiente é fraca, aumentar o valor ISO pode ajudar a conseguir uma fotografia equilibrada. Contudo, valores ISO elevados têm a desvantagem de poder dar à fotografia um aspeto “granulado”. Assim, convém fazer algumas experiências. Para os iniciados, recomendamos começar por um ISO de 100. Este valor resulta em geral bem, especialmente quando a iluminação é aceitável e não há movimento na cena como é típico na fotografia de bolos e doces.

2) Abertura (F)

A abertura é um parâmetro que controla a quantidade de luz que entra na fotografia. É representada pela letra F seguida de um valor. Na prática, a abertura permite-nos definir a “profundidade de campo”, ou seja, se o fundo da imagem aparecerá nítido ou desfocado.

Queijadas com canela

De facto, nem sempre é conveniente que a imagem esteja toda perfeitamente focada: um fundo desfocado destaca o objeto principal (como se vê na imagem), enquanto um fundo nítido pode em muitos casos resultar em imagens confusas.

Quando pretendemos um fundo desfocado devemos escolher um valor de F baixo. Se queremos tornar o fundo mais nítido, devemos aumentar o valor de F.

Para os iniciados, recomenda-se experimentar uma abertura da ordem dos F5 a F6, que lhes permitirá obter um bonito fundo difuso que nem sempre é atingível no modo automático.

3) Velocidade

O parâmetro velocidade define o intervalo de tempo em que o sensor da máquina está a captar luz, ou seja, o tempo que a fotografia demora a ser tirada. Por essa razão, é também chamada “tempo de exposição”. A velocidade é medida em segundos e apresentada por vezes sob a forma de fração. Note-se que uma velocidade de, por exemplo, 1/1000 (um milésimo de segundo) é muito maior do que uma de 1’’ (um segundo).

Velocidades baixas permitem tirar fotografias em condições de fraca luminosidade, como foi o caso dos cupcakes da fotografia de capa deste post. Contudo, quanto mais tempo a fotografia demorar a ser obtida, maior o risco de ficar tremida. Para velocidades baixas (tipicamente abaixo de 1/60) convém, assim, que a câmara esteja instalada num tripé ou seja bem estabilizada de outra forma.

Velocidades elevadas permitem obter fotografias nítidas de objetos em movimento, por exemplo, ingredientes a caírem ou escorrerem. Contudo, como o tempo de exposição é menor, a fotografia pode ficar escura.

Para os iniciados, recomenda-se escolher a velocidade através da função AEB, como a seguir se explica.

4) Compatibilizar velocidade e abertura com o auxílio do indicador de nível de exposição

Obter fotografias de boa qualidade ou com os efeitos desejados implica compatibilizar a abertura (que define a quantidade de luz que entra por unidade de tempo) com a velocidade (que define durante quanto tempo essa luz entra). Para facilitar este propósito, a maioria das câmaras dSLR têm um indicador de nível de exposição (ver esquema acima) que é representado por uma régua graduada. Este indicador ajuda-nos a ajustar a velocidade, tendo como referência um valor standard de velocidade que a câmara determina automaticamente para a abertura escolhida. Vamos pois ver como funciona para o caso da Canon EOS 100D (pode haver variações em relação a outras marcas e modelos, recomendando-se nesse caso a consulta do manual de instruções da câmara).

Carregando ligeiramente no obturador, ativa-se o marcador da velocidade representado pelo retângulo amarelo. Se colocarmos este marcador no centro da régua (rodando a pequena roda dentada situada ao pé do obturador), obtemos a velocidade de referência que é a que a câmara considera mais adequada às condições da imagem (ISO, luminosidade exterior, etc.). Esta é a opção que recomendamos para os iniciados. Contudo, ela não é de modo algum obrigatória. Se, face ao efeito que pretendemos, precisarmos de maior luminosidade podemos avançar o marcador para a direita (velocidades mais lentas). Se, pelo contrário, pretendermos uma fotografia mais escura, avançamos o marcador para a esquerda (velocidades mais elevadas).

5) Balanço de brancos

A tonalidade da luz não é toda igual. Como se sabe, a luz das lâmpadas incandescentes (ou equivalente) que temos na sala é quente (alaranjada), enquanto a luz fluorescente da cozinha é fria (azulada). E a tonalidade da própria luz do sol sofre alterações ao longo do dia. É branca ao meio-dia e alaranjada perto do nascer e do pôr-do-sol, variando ainda com a estação do ano, as condições atmosféricas, a altitude e a latitude. Estas diferenças são quantificadas através de um parâmetro chamado “temperatura de cor” cuja unidade de medida é o Kelvin (K).

Acontece que a câmara “não sabe” se o branco que está “a ver” é um branco amarelado ou azulado. Assim, para o branco das nossas fotografias sair mesmo branco, podemos recorrer à função “balanço de brancos”. Esta função tem várias opções para corrigir a tonalidade da luz. Além da opção Auto. em que é a câmara que seleciona o valor da correção a aplicar, podemos escolher as opções "luz do sol ao meio-dia" (5200K), "lâmpadas de tungsténio" (3200K), "sombra" (7000K), "nublado" (6000K), "luz fluorescente branca" (4000K) ou outras, dependendo da marca e modelo da câmara.

Portanto se os brancos da fotografia ficarem com uma tonalidade desagradável (o azulado, por exemplo, torna os bolos e doces pouco apetecíveis), podemos tentar melhorar a situação alterando o balanço de brancos. Por exemplo, perto do pôr-do-sol poderá ser mais adequado escolher a opção “tungesténio” do que “luz do sol ao meio dia”.

A alternativa a ajustar o balanço de brancos é tentar corrigir o problema com um software de edição de imagem. Falaremos disso num próximo post! E se tiver alguma questão em relação a este, contacte-nos. A sua opinião é bem-vinda e ajudar-nos-á a melhorar!


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