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Escolher a melhor janela para fotografar com luz natural


Fotografar com luz natural, perto de uma janela, é uma das formas mais simples de conseguir boas imagens dos seus bolos e doces. Ou mesmo imagens fantásticas! Contudo, na prática, as coisas nem sempre resultam como deviam. Vamos por isso falar de como escolher e utilizar as janelas para este fim. E também de como conseguir aquelas fotografias, tão etéreas e atraentes, que incluem a própria janela na composição. Em suma, vamos falar de janelas!

Orientação das janelas

A orientação é primeira coisa a ter em conta quando se escolhe a janela. Para simplificar, vamos considerar dois casos extremos: janelas orientadas a Norte e janelas orientadas a Sul (as outras têm caraterísticas intermédias). Quais serão melhores? Depende, vamos por partes.

O sol nasce a Este e põe-se a Oeste. Isto acontece sempre e em todo o mundo! O que varia é o percurso que vemos o sol seguir no céu, durante o dia: pode passar mais a Sul ou mais a Norte. Este esquema simplificado mostra como as coisas se passam (se quiser perceber melhor, no fim deste post há três esquemas com uma descrição mais completa).

Ou seja, no hemisfério norte (em Portugal ou Cabo Verde, por exemplo), o sol está quase sempre a Sul, durante todo o ano. Isto significa que, dentro de casa, as janelas viradas a Sul apanham sol durante a maior parte do dia, enquanto as viradas a Norte praticamente não apanham luz solar direta. Isto porque ficam na sombra do próprio edifício.

Já no hemisfério sul (em Angola, Brasil ou Timor Leste, por exemplo) é ao contrário. As janelas viradas a Norte apanham sol durante quase todo o dia, enquanto as viradas a Sul têm luz indireta.

E, em ambos os casos, quanto mais longe da linha do equador, maior a diferença entre a luz fornecida por janelas a Norte e a Sul, respetivamente. Só nos países localizados sobre ou junto ao equador (em São Tomé e Príncipe, por exemplo) é que não há diferença porque ao meio-dia o sol está sempre a pique.

Resumindo, a grande diferença entre janelas viradas a Sul ou a Norte é o facto nos proporcionarem luz solar direta ou indireta. Vamos ver o efeito de cada um destes tipos de luz nas fotografias.

Luz solar indireta

É mais fácil obter boas fotografias de culinária com luz natural indireta. Isto porque esta luz é mais suave (mais difusa) e se mantém mais ou menos igual (em brilho e cor) ao longo do dia. As janelas que proporcionam luz indireta são as viradas a Norte no hemisfério Norte, e as viradas a Sul no hemisfério sul.

Contudo, a luz indireta é também mais fria, podendo dar um tom azulado à fotografia. Isto pode ser bom ou não, dependendo do efeito que se quer. Em geral, em fotografia de culinária, o tom azulado não é desejável, principalmente nos próprios alimentos. Para o evitar, convém ajustar o parâmetro “balanço de brancos” da sua câmara dSLR, como explicamos aqui. Ou então corrigir depois a fotografia com um programa de edição de imagem.

Na imagem de capa deste post, tirada em Portugal junto a uma janela virada a Norte, optámos por corrigir o tom do prato à direita, que estava azulado. Fizemo-lo com o Pixlr Editor: primeiro selecionou-se o prato com a ferramenta laço (L) e depois (em Ajuste > Tonalidade e Saturação) reduziu-se a saturação nessa zona. Veja o antes e o depois neste GIF animado (preste atenção à diferença na tonalidade do prato à direita).

Luz solar direta

A luz direta (das janelas viradas a Sul no hemisfério norte e das janelas viradas a Norte no hemisfério sul) é mais variável ao longo do dia. Precisa também em geral de mais cuidados. Por exemplo, a utilização de difusores para a suavizar, como se mostra neste post. Ou então esperar por um dia nublado, já que as nuvens oferecem um efeito de difusão natural.

Contudo, apesar de mais difícil de trabalhar, a luz direta tem também várias vantagens. Tem uma tonalidade mais quente e mais brilho, caraterísticas que resultam bem em alimentos. Também permite efeitos incríveis que não são possíveis com luz indireta. Veja, nas imagens a seguir, como é alegre e interessante o efeito do sol através das folhas, ou como um raio de sol num dia tristonho permitiu iluminar tão bem os macarrons.

Fotografar a janela

Quando se fotografa diretamente contra a luz da janela, essa zona fica muito clara. Isso significa que, para evitar as manchas brancas de excesso de luz, onde o detalhe se perdeu, tem que reduzir a entrada de luz para “escurecer” a imagem. No modo manual, isso faz-se aumentando a velocidade e/ou reduzindo a abertura (também é importante reduzir o ISO).

Ou seja, para a zona da janela não ficar branca demais, o resto da imagem vai escurecer. Mas isso até pode resultar num efeito de claro-escuro interessante, como se vê na fotografia a seguir.

Esta fotografia foi tirada, em Portugal, junto a uma janela virada a Norte, ou seja, com luz indireta. De facto, é muito mais fácil fotografar janelas com luz indireta que é mais suave. Já a luz direta pode ser intensa demais para permitir chegar a um equilíbrio aceitável entre claros e escuros. Neste caso, uma alternativa poderá ser utilizar a técnica HDR que descrevemos neste post.

Bom trabalho!

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Anexo

Percurso aparente do sol em diferentes zonas do globo

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